Hoje...
Hoje não escreverei linhas retrocidas, amorfas
Não deixarei que o meu pesar acolha estes escritos
Hoje tentarei ser bendito nos meus rascunhos dementes
Pintando frases, sem rasura, tapando meus recônditos
Elaborando lindas alegorias e linhas eloquentes
Hoje na minha vida...
Não escreverei sobre a dor, solidão ou tempo vil
Hoje não falarei dos meus erros, da minha humanidade
Não serei mais um monstro escondido em seu covil
Escreverei, simplesmente, do amor presente sem saudade
Hoje na minha alma...
Onde os tons negros transformados em cinza
Percorrem os caminhos padecidos na luz
Puxando-me para um novo raiar, novo dia
Arrancando-me, todos, os possíveis pregos da cruz
Untando-me as feridas da minha ex-vida sombria
Hoje no meu ser..
Esquecerei-me das mortes, da fome, dos viveres
Dos dias incautos, das incongruências humanas
Das cóleras, tifos, das sidas, dos tudo perderes
Simplesmente escreverei umas linhas serenas
Hoje na minha insanidade...
Verei este mundo, lindo, humano e feliz
Onde se vive em harmonia, em paz e em amor
Onde o rei não agride a mulher imperatriz
Onde não há raças, xenofobias, onde não há cor.
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